O BATISMO

O BATISMO

O que é o batismo nas águas? Por que o fazemos? Como deve ser ministrado, quando e para quem? Quero ensinar um pouco acerca desta prática cristã…
SELO DA FÉ
O batismo deve ser visto como um selo da justiça que vem pela fé, e evidentemente deve seguir a fé, como determinam as palavras finais de Jesus que se encontram registradas no evangelho de Marcos:
“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.15,16).
Esta é a razão porque não batizamos e nem tampouco validamos o batismo de crianças; é necessário crer primeiro e então se batizar. Obedecemos o princípio bíblico de consagrar os filhos ao Senhor, mas só os batizamos depois que puderem crer e professar sua fé.
É A CIRCUNCISÃO DO CORAÇÃO
No Velho Testamento, os judeus tinham como selo de sua fé a circuncisão; no Novo Testamento a circuncisão foi suprimida, sendo vista simbolicamente no batismo:
“Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos” (Colossenses 2.11,12)
Hoje, esta circuncisão acontece no coração (Rm 2.28,29), e Paulo a relaciona com o batismo.
O BATISMO NÃO SALVA, MAS ACOMPANHA A SALVAÇÃO
O batismo não salva ninguém. Jesus disse que quem crer (e for batizado por crer) será salvo e quem não crer será condenado; note que ele não disse “quem não for batizado será condenado”, mas sim “quem não crer”.
O batismo segue a fé que nos leva à salvação, mas ele em si não é um meio de salvação. Que o diga aquele ladrão que foi crucificado com Cristo (Lc 23.39 a 43); ele somente creu e nem pôde ser batizado, mas não deixou de ser salvo por isto. O batismo, portanto, não salva, mas nem por isso deixa de ser importante e necessário; aquele ladrão não tinha condições de passar pelo batismo, mas alguém que crê deve obedecer à ordenança de Cristo e ser batizado, caso contrário estará em deliberada desobediência ao Eterno que poderá impedir-lhe de entrar para a vida eterna.
Podemos dizer que o batismo é parte do processo de salvação, mas não que ele em si salve; o apóstolo Pedro escreveu o seguinte acerca do batismo:
“não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio de Jesus Cristo” (1 Pe 3.21).
É UMA IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO
O batismo tem um significado; além de ser um testemunho público da nossa fé em Jesus, ele fala algo. Na verdade é o meio através do qual externamos que tipo de fé temos depositado em Jesus Cristo.
Quando falamos sobre a fé em Jesus, não nos referimos a crer que Ele EXISTE; é mais do que isto! A maioria das pessoas crêem que Jesus existe mas não entendem o que Ele FEZ. São duas coisas completamente diferentes; o que nos salva da perdição eterna e da condenação dos pecados é a obra de Cristo na cruz em nosso lugar. Ao morrer na cruz, o Senhor Jesus não morreu porque mereceu morrer; pelo contrário, como justo e inocente, Ele nos substituiu, sofrendo o que nós deveríamos sofrer a fim de que recebêssemos a salvação de Deus.
Há dois elementos básicos na fé que nos salva: identificação e apropriação. É importante entender cada um deles dentro do simbolismo do batismo.
Identificação é o aspecto da fé que nos faz ver que Jesus assumiu a nossa posição de pecado, para que assumíssemos a posição de justiça d’Ele (2 Co 5.21). A Bíblia declara o seguinte: “Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Cl 3.3). Quando Deus nos olha, ou Ele nos vê sozinhos em nossos pecados, ou nos vê através de Jesus Cristo, que já pagou por eles.
A fé nos coloca com Jesus na cruz, crucificados com Ele; nos coloca no túmulo, sepultados com Ele; nos coloca ainda nos céus, à direita de Deus, ressuscitados com Cristo! É quando nos vemos n’Ele, entendendo o sacrifício vicário do Filho do Eterno, que passamos a ter direito ao que Cristo fez; esta é a hora do segundo passo: apropriação.
Apropriação é o aspecto da fé que torna meu aquilo que já vi realizado em Jesus. É quando entendemos que não somos salvos pelas obras, mas sim pela graça, mediante a fé e nos apropriamos disto. Paulo escreveu a Timóteo e lhe disse: “toma posse da vida eterna” (1 Tm 6.12).
O batismo, é o nosso testemunho da identificação com Cristo; ele revela não apenas que eu tenho fé, mas que tipo de fé eu tenho. Veja o que as Escrituras dizem:
“Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos para a glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Romanos 6.3,4).
Quando imergimos alguém na água, estamos simbolicamente declarando que esta pessoa foi sepultada com Jesus, e ao levantarmos esta pessoa das águas, estamos reconhecendo que ela já ressuscitou com Cristo para viver uma nova vida. Portanto, o batismo é onde reconhecemos que tipo de fé temos; uma fé que se identifica com Cristo e sua obra realizada na cruz.
QUEM PODE SE BATIZAR?
Para quem é o batismo? A explicação anterior responde esta indagação: para todo aquele que se identifica pela fé com o sacrifício de Cristo na cruz. Depois de ter reconhecido por fé a obra de Cristo, quando a pessoa passa a estar apta para o batismo? Quanto tempo ela tem que ter de vida cristã para poder se batizar?
A Bíblia responde com clareza estas questões. Em Atos 8.30 a 39, lemos acerca do primeiro batismo cristão apresentado em maiores detalhes na Bíblia. Neste texto, temos um modelo para a forma de batismo, e ali vemos que já na evangelização o batismo era ensinado aos novos convertidos, o que nos faz saber que ninguém deve demorar para se batizar após ter feito sua decisão de servir a Jesus.
Além disso, vemos também qual é o critério para que alguém se batize; quando o etíope pergunta: “Eis aqui água, que impede que eu seja batizado?” a resposta de Felipe vem trazendo luz sobre o requisito básico para o batismo: “É lícito, se crês de todo coração” (At 8.36,37).
Quando a pessoa foi esclarecida sobre a obra (e não só a pessoa) redentora de Jesus Cristo, e crê de todo o coração (sem dúvida acerca disto), ela está pronta para ser batizada.
QUANDO SE BATIZA O NOVO CONVERTIDO?
Não há data estabelecida, somente os critérios que o recém convertido deve apresentar. No caso de Filipe e o etíope, foi bem rápido!
COMO SE BATIZA?
A palavra “baptismos” no grego significa: “imergir; mergulhar; colocar para dentro de”. No curso da história, por várias razões, apareceram outras formas de batismo, como aspersão e ablução (banho); entretanto, como o batismo é uma identificação com Cristo em sua morte e ressurreição, e é exatamente isto que a imersão significa, não praticamos outras formas de batismo.
Quando Felipe batizou o etíope, eles pararam em um lugar onde havia água. A Bíblia diz que ambos entraram na água (At 8.38,39). Certamente aquele eunuco viajava abastecido com água potável; se fosse o caso de praticarem a aspersão havia água suficiente naquela carruagem para isto, mas batizar é imergir! Não foi à toa que João Batista se utilizou do rio Jordão para batizar. Depois, mudou o local de batismo para Enom, perto de Salim, e razão para isto é descrita pelo apóstolo João em seu evangelho: “porque havia ali muitas águas” (Jo 3.23).
Não há lugar específico para o batismo. Além da água, é necessário alguém que ministre o batismo ao novo-convertido, uma vez que não existe auto-batismo na Bíblia. Jesus mandou fazer discípulos e depois batizá-los. A ordem já subentende que quem faz o discípulo tem autoridade para batizá-lo. Felipe era apenas um diácono, fazendo o trabalho de evangelista; não era o pastor de igreja nenhuma, e batizou!
Paulo disse aos coríntios que não havia batizado quase ninguém entre eles; entendemos que mesmo se tratando de seus filhos na fé, ele provavelmente tenha passado esta tarefa a outros cooperadores, que não eram pastores.

O BATISMO EM NOME DE JESUS

O Senhor Jesus, logo após a Sua ressurreição, apresentou-Se aos Seus discípulos e a outros seguidores por um espaço de 40 dias, falando a respeito do Reino de Deus (Atos 1:3). Durante esses encontros Ele fazia questão de lembrá-los das coisas que lhes havia ensinado enquanto ainda estava com eles.

Depois de ter trazido à memória todas as passagens que falavam a Seu respeito nas Sagradas Escrituras, o Senhor Jesus abriu-lhes “o entendimento para compreenderem as Escrituras; e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; e que em Seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.” Lucas 24:45-47.

Esta ordem de Jesus foi fielmente cumprida por Seus discípulos. No dia de pentecostes, quase três mil pessoas em Jerusalém (Atos 2:41) atenderam o seguinte convite do apóstolo Pedro:

“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:38.

Há, no entanto, uma controvérsia nos meios teológicos sobre esta questão, pois em Mateus 28:19 está escrito que o Senhor Jesus deu aos Seus apóstolos a missão de irem por todo o mundo e fazerem discípulos, “batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”

Para os estudiosos das Escrituras Sagradas é bastante intrigante encontrar no Novo Testamento duas fórmulas batismais completamente opostas, ou seja, uma ordenando o batismo em nome de Jesus e uma outra ordenando o batismo em nome de uma trindade.

O tema levanta uma série de questões interessantes. Por que a fórmula de Mateus 28:19 não foi aplicada pelos apóstolos? Por que o batismo em nome da trindade aparece explicitamente apenas em um único texto no evangelho de Mateus, e não aparece nos demais evangelhos e em nenhuma das epístolas?

Para que este assunto seja entendido, faremos uma profunda investigação à luz da Palavra de Deus e também um amplo estudo no campo histórico sobre fatos que ocorreram nos primeiros séculos da era cristã.

II – A FÓRMULA BATISMAL NA ERA APOSTÓLICA

Os registros bíblicos confirmam que na época dos apóstolos o batismo por imersão era sempre ministrado “em nome de Jesus Cristo” ou “em nome do Senhor Jesus”. No livro de Atos encontramos quatro eventos em que esta fórmula batismal foi claramente exposta pelos apóstolos:

1) ATOS 2:38
A primeira ocasião em que se menciona o batismo em nome de Jesus ocorreu no dia de Pentecostes.
“Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:38.

2) ATOS 8:16
A próxima referência ao batismo em nome de Jesus ocorreu em território não judaico. A missão de pregar o evangelho havia acabado de entrar no segundo estágio prescrito por Jesus em Atos 1:8 – Judéia e Samaria (Atos 8:1). O evangelista Filipe prega o evangelho (Atos 8:5,12) e os samaritanos aceitam a mensagem com fé e alegria (Atos 8:8,12), sendo posteriormente batizados em nome do Senhor Jesus:

“…mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus.” Atos 8:16.

3) ATOS 10:48
A terceira referência ao batismo em nome de Jesus é de tremenda importância no contexto geral do livro de Atos. O episódio ilustra o enorme desafio enfrentado pela igreja primitiva: a inclusão dos gentios em uma comunidade de discípulos que, a essa altura, era quase inteiramente judaica. Estavam ali reunidos: o gentio Cornélio, seus parentes e amigos mais íntimos (Atos 10:24). Em seguida o apóstolo Pedro declara que todo o que crê em Jesus receberá a remissão dos pecados pelo Seu nome. Para que esta promessa pudesse se concretizar, o apóstolo Pedro mandou “que fossem batizados em nome de Jesus Cristo.” Atos 10:48.

4) ATOS 19:5
A última referência ao batismo em nome de Jesus é registrada num contexto muito excepcional. O apóstolo Paulo cumpre sua missão de pregar o evangelho em Éfeso, em sua terceira investida missionária à Ásia Menor. O avanço da pregação do evangelho alcança a sua última etapa prescrita por Jesus em Atos 1:8, num contexto geográfico para aquela época – (“até os confins da terra”). Paulo encontrou em Éfeso alguns discípulos que passaram pelo batismo de João (Atos 19:3). Após ouvirem a mensagem do apóstolo Paulo, eles “foram batizados em nome do Senhor Jesus”. Atos 19:5. A partir de então a nova conexão deles com Cristo e o seu compromisso com Ele tornaram-se explícitos.

III – PROVAS HISTÓRICAS E A CONTROVERSA PASSAGEM DE MATEUS 28:19

O texto em questão diz o seguinte: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Mateus 28:19.

Esta citação é única e isolada na Palavra de Deus. Os teólogos são unânimes em concordar que não devemos apoiar nossa fé em ensinos que têm por base um texto isolado nas Escrituras Sagradas. Além de ser um texto único e isolado, provamos que não há um único registro nas Escrituras Sagradas de os apóstolos terem se utilizado desta fórmula.

.O que dizem algumas fontes históricas acerca desta controversa passagem bíblica?

“A fórmula batismal foi mudada do nome de Jesus Cristo para as palavras Pai, Filho e Espírito Santo pela Igreja Católica no segundo século.” Enciclopédia Britânica, 11ª. Edição, volume 3, pp. 365 e 366.

“Sempre nas fontes antigas menciona que o batismo era em nome de Jesus Cristo.” Enciclopédia Britânica, 11ª. Edição, volume 3, p. 82.

“É possível que, em sua forma precisa, essa fórmula (Pai, Filho e Espírito Santo) reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar `no nome de Jesus`… Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade.” (Grifo nosso) Comentário no rodapé da Bíblia de Jerusalém.

“A religião primitiva sempre batizava em nome do Senhor Jesus até o desenvolvimento da doutrina da trindade no segundo século.” Enciclopédia da Religião – Canney, p. 53.

“O batismo cristão era administrado usando o nome de Jesus. O uso da fórmula trinitariana de nenhuma forma foi sugerida pela história da igreja primitiva; o batismo foi sempre em nome do Senhor Jesus até o tempo do mártir Justino, quando a fórmula da trindade foi usada.” Enciclopédia da Religião – Hastings, vol. 2, pp. 377-389 (em inglês).

“A forma básica da nossa profissão de fé (Mateus 28:19) tomou forma ao longo dos séculos segundo e terceiro d.C. em conexão com a cerimônia do batismo. Trata-se originariamente de uma fórmula nascida em Roma.” (Grifo Nosso) Introdução ao Cristianismo – Capítulo 2, p. 82 (Autor: Cardeal Joseph Ratzinger – Atual Papa Benedito XVI).

No Compêndio da História da Igreja, de autoria de Frei Dagoberto Romag, Volume I, intitulado: A Antiguidade Cristã, impresso pela Editora Vozes, pp. 90-93 e 143-145, diz que a ordem do batismo em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, saiu da pena de Tertuliano, no ano 197 d.C.
Podemos citar também Eusébio, bispo de Cesaréia. Ele é referido como pai da história da igreja, porque em seus escritos estão os primeiros relatos quanto à história do cristianismo primitivo. Ele possuía cópias do evangelho de Mateus, no idioma hebraico. Em seus escritos ele citava frequentemente as palavras de Jesus em Mateus 28:19, na versão original, da seguinte forma: “Ide fazei discípulos de todas as nações em Meu nome”. (grifo nosso) Eusébio de Cesaréia.- História Eclesiástica.- Livro III. 24.6. Segundo ele, o texto original não mandava batizar em nome da trindade.

IV – CONCLUSÃO

Logo após a ressurreição, o Senhor Jesus se encontrou com os onze discípulos para lhes dar importantes instruções. Entre eles estava presente o apóstolo Pedro que ouviu atentamente aquelas instruções dadas pelo Mestre:

“E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos; e em Seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.” Lucas 24:46 e 47.

Em Atos 2:41-43 encontramos registrado a comprovação de que Deus abençoou a obra do apóstolo Pedro:

“ …Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. … Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos….E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.” Atos 2:41, 43.

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